Quando um filme, um texto e escutar o coração passa a ser
parte importante para escrever
Desde que fui apresentada aos filmes de montanha pelo pessoal da Revista Blog de Escalada percebi que gostava do que via, das aventuras, das imagens, do astral que os filmes emanavam.
Quando soube do filme “The Dawn Wall” acompanhei bem de perto as notícias do evento no Brasil mesmo sabendo que no Rio de Janeiro, cidade onde moro, ainda não estava prevista nenhuma sessão. Acompanhava as postagens das exposições de perto. O anúncio da sessão em São Paulo (que pena, não tenho agenda para nenhuma das duas datas!), depois em Lagoa Santa-MG (puxa, ainda estava longe!), em Curitiba (Ah, ficou mais distante ainda!) e, enfim, no Rio de Janeiro (Wow! Não posso perder!).
Organização de agenda para estar presente no mais alto grau que a palavra “estar presente” significa.
Sentei na primeira fila, lá na frente, mesmo que esta parecesse tão pouco confortável, mas não queria perder a possibilidade de ver aquela montanha o mais perto que pudesse mesmo que perto era impossível estar.
O filme começa. Os depoimentos sobre os preparativos antes da aventura, o que foi vivido, o motivo que levou à escalada e, seguindo minha mania de colocar escrito aquilo que mexe comigo, não resisti e comecei a escrever algumas frases e acontecimentos que chegavam em mim com um significado diferente.
Não sei se acontece com você, mas escrevo aquilo que não quero que se perca na memória, aquilo que para mim chega forte. Esta mania, acho que pela idade (risos) tem sido cada vez mais frequente, assim como, a vontade de compartilhar o que guardo em mim.
Ao mesmo tempo que escrevia, vinha à memória um texto que li sobre Resiliência escrito pelas companheiras de profissão, as psicólogas Marilene Grandesso e Adriana Venuto.
Então, resolvi colocar no papel e compartilhar.
As anotações serão colocadas entre aspas simplesmente para identificá-las entre o que escrevo e o que resgatei do filme. Informo que não é tal qual como dito no filme, pois assistir e anotar no meio ao escurinho do cinema não é uma tarefa tão fácil.
Assim, compartilho com vocês.
Anotação 1: “Somos capazes de muito mais do que podemos imaginar”
Já parou para pensar o quanto só tomamos consciência do que somos capazes quando passamos por momentos não muito fáceis, e olhamos para trás?
Como seria bom se tivéssemos presentes em nós aquilo que somos capazes.
Como conseguir tornar presente em nosso dia a dia esta força interna que leva a um olhar positivo para a vida? Como exercitar este olhar positivo?
Anotação 2: “Não podia ficar sentado sentindo aquela dor”
Sentir a dor demonstra o quanto estamos presentes e conectados ao nosso sentimento, mas ficar na dor tem outra conotação.
A reação à dor ajuda a transmutá-la, a transformá-la em ação. O quanto nos sentimos bem e plenos quando conseguimos realizar este movimento, e quanta coisa boa vem desta transição na maioria das vezes.
Anotação 3: “Temos que procurar a fraqueza da rocha, os locais para colocar os dedos…”
Não basta seguir, mas saber para onde seguir.
A atenção plena, a escuta dos sentimentos, o passo cuidadoso demonstra o cuidado que temos conosco.
O que acontece quando não temos este cuidado? Como reagimos a falta dele? Como podemos ter esta escuta, esta atenção plena e este cuidado?
Seria diferente o caminhar se tivermos este cuidado conosco?
Anotação 4: “Quando você se entrega a um desafio, não há mais espaço para pensar mais nada”
Ter uma meta, ter objetivos, é tão importante. Me lembro dos workshops de facilitação de processos que ministro, e das frases que são ditas. A maioria das pessoas tem as ideias, mas não sabem como fazê-las acontecer pelo simples fato de não conseguir colocá-las como meta.
Como é sentar e escrever as metas que gostaria de atingir?
O que impede de realizar esta ação?
Como você pode dar o primeiro passo?
Anotação 5: “Precisava encontrar um parceiro, alguém que pudesse confiar”
Como a confiança no outro é tão importante, não é? Mas a confiança em você também faz parte do processo.
Assistindo o filme posso acrescentar que ter um parceiro que tem palavras de incentivo para todos os momentos, também é muito marcante. Saber que o topo é a meta, mas que sem o companheiro de escalada chegar ao topo era inimaginável é uma diferença grande em relação ao ser humano que somos entre tantos outros.
Quantos de nós encontramos na vida pessoas que mesmo caminhando acompanhada, não dá valor a esta companhia.
Num momento cujo universo vive o compartilhamento, será que esta não valorização do outro vale à pena?
Mesmo depois de tantas anotações o filme ainda ressoava em mim em forma de mais pensamentos.
Ressoava o quanto estar com outra pessoa e aceitar as ideias e as dificuldades do outro para conseguir estar junto faz parte do trajeto; como é significativo no caminho a capacidade de olhar com outros olhos uma determinada situação e encontrar uma outra solução; o quanto a superação foi a mola mestra para continuar vivendo após tantos obstáculos; e como o sentir-se grato todos os dias por cada acontecimento, sendo eles bons ou ruins, era tão significativo.
Pronto, sinto que escrevi tudo que estava dentro de mim.
Espero que ressoe em você tanto quanto ressoou em mim. Fique à vontade para compartilhar caso precise também dividir o que tem dentro de você.
Texto escrito para o @blogdescalada em janeiro 4, 2019 9:43 am
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