Saiba como praticar o desapego e aplicá-lo na sua vida
Uma vez li em uma revista uma reportagem sobre pessoas que liam livros ou revistas e, após acabar de lê-los, deixavam os mesmos em bancos de jardins, de ônibus, de bar para que outras pessoas pudessem compartilhar a mesma leitura.
Adorei a ideia e comecei a exercitar este desapego.
Eu, que adorava ler e guardar todo livro e revista que lia para quem sabe um dia voltar a ler, comecei a praticar da mesma atitude.
No início desapegar é um tanto difícil, mas combatia a dificuldade quando pensava: “Quantas vezes li um livro duas vezes? Nenhuma!!”.
Este exercício foi bem gratificante, e ajudou bastante quando resumi uma vida inteira em 2 malas de alguns quilos para mudar de País.
Descartar parte de sua vida pode revelar muitas coisas com relação a si mesmo como, por exemplo, aquilo que você guarda, aquilo que joga fora, aquilo que compra.
Segundo a psicóloga Maria Cândida do Amaral, “Sapatos, automóveis ou a decoração da casa são elementos que empregamos para exteriorizar nossa personalidade, tanto quanto para ajudar a construí-la”.
E, quando exteriorizamos nossa personalidade em objetos fica difícil deixá-los para trás.
O significado da palavra Desapego no dicionário “Desafeição, desamor, indiferença, desinteresse, desprendimento”, pode ajudar também a compreender melhor a dificuldade que existe do desapegar.
Não é fácil ter desamor por algo que se tem amor, que lhe traz lembranças e que tem uma história para contar.
O maior ato do desapego é soltar o passado e as preocupações com o futuro e viver no momento presente.
Penso que Fernando Pessoa escreveu um lindo texto sobre este tema e o chamou de “Praticando o desapego”.
Transcrevo aqui o mesmo texto e faço suas as minhas palavras.
“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário….
Perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos.
Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora.
Deixar ir embora. Soltar.
Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: Diga a si mesmo que o que passou jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo…
– Nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Encerrando ciclos, não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba…
Mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais em sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Quando um dia você decidir a pôr um ponto final naquilo que já não te acrescenta.
Que você esteja bem certo disso, para que possa ir em frente, ir embora de vez.
Desapegar-se, é renovar votos de esperança de si mesmo,
É dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor.
Liberte-se de tudo aquilo que não tem te feito bem, daquilo que já não tem nenhum valor, e siga, siga novos rumos, desvende novos mundos.
A vida não espera.
O tempo não perdoa.
E a esperança, é sempre a última a lhe deixar.
Então, recomece, desapegue-se!
Ser livre, não tem preço!“
Texto escrito para o @blogdescalada em fevereiro 10, 2014 11:00 am
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